sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre Timbres

Timbre? É a identidade sonora do som. É assim: você pode escutar duas pessoas diferentes dizerem a mesma frase com mesmo ritmo e entonação, mas pelo timbre de voz de cada uma você saberá que em um momento você ouve uma pessoa e não a outra. Estendendo esse conceito a instrumentos musicais você reconheceria Brasileirinho sendo executado com flauta ou piano.

Peço licença agora pra falar do meu mundo de timbres. Eu, como guitarrista, sei da complexidade de se montar um timbre, ou seja, de montar a minha identidade sonora. Pode parecer simples, mas no equipamento do guitarrista existem inúmeros fatores que somados resultarão justamente nessa identidade. Guitarrista costuma usar o termo Cadeia de Sinal. O sinal original sai da guitarra através dos cabos e passa pelos pedais até chegar ao amplificador.

Olhando assim parece simples, mas dissecando o sinal vamos nos deparar com o seguinte: cada pequena parte do conjunto tem seu próprio timbre. Na cadeia eles se somam e o resultado final é o que ouvimos nas gravações e shows.
A seguir algumas das coisas que doam seu timbre por um timbre final maior:
  • As madeiras usadas na construção do instrumento (umas oferecem mais grave e médio, outras mais agudos, etc);
  • Captadores combinados ou não (existe um infinidade no mercado);
  • As cordas escolhidas (variam em material, espessura e contrução);
  • O modelo de corpo também tem timbre próprio;
  • O cabo que conduz o sinal (esses alteram o timbre se forem mais longos ou curtos e pelo material de suas partes. Alguns tem conectores de ouro, pra se ter uma idéia);
  • O amplificador também imprime sua personalidade ao timbre final (alguns tem mais grave e médio, outros soam mais agudos e médios, já outros somam uma distorção leve e outros tem características de entregar sons cristalinos).

Deixo claro que citei apenas algumas das coisas que alteram o timbre. Me arrisco a dizer que as possibilidades timbrísticas sejam infinitas. E ainda mais, ouvidos mais apurados sabem que um timbre é único. Pois mesmo sendo da mesma árvore, a madeira de duas guitarras idênticas não serão iguais porque, dentre outros fatores, a organização dos veios da madeira conduzirão a vibração para uma direção ou outra pelo corpo do instrumento.

Assim, se você quiser ter em mãos o timbre exato do seu maior ídolo lembre-se: é impossível. Alguns fabricantes escolhem endorsees, que são aquelas pessoas que recebem todo o apoio de uma determinada marca de euipamentos em troca de divulgar o nome dessa empresa. Essas pessoas são, contratualmente, obrigadas a usarem apenas aqueles específicos equipamentos e ajudar a desenvolvê-los. O passo seguinte é este mesmo fabricante disponibilizar no mercado a preços estrondosamente elevados esses equipamentos utilizados por tais artistas.

Na prática é o seguinte: Joãozinho se destacou como guitarrista na sua banda e esta se destaca em nacionalmente a níveis comercialmente interessantes. Daí um fabricante propõe a Joãozinho que ele use apenas as guitarras desta marca e Joãozinho o faz. Assim em todo material de divulgação Joãozinho aparecerá empunhando tal marca e o público que se identifica com Joãozinho desejará ter em casa aquele mesmo som que ouve em discos e shows. Nessa hora, a marca coloca no mercado a cópia idêntica desta guitarra. Isso se chama Signature Series (série assinatura, ou série assinada). Pronto!

Em casa, um ouvido mais apurado saberá que aquele não é o som exato do Joãozinho pois um fator importante é incopiável: a pegada. É o modo como Joãozinho ataca as cordas, cria solos, digita no braço da guitarra, etc.

Vou ficando por aqui para não alongar demais esta postagem! Em breve toco novamente nesse assunto!

Abração!

Um comentário:

  1. Gostei de todos os textos Rammon,muito bom cara.
    Ta de parabéns pelo blog.

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Músico, Estudante de Engenharia.